Odilia revisita pela sua própria pena, nos anos 2020, histórias vividas no sertão paulista à beira do rio Tietê na década de 1940.
IN "Histórias que Vivi e pelas quais Sou Grata - livro primeiro"
E eu que estava indo visitar a minha avó Cecília com meu pai paramos no armazém para comprar doces e refrigerantes para agradar meus avós e meus tios.
E seguimos passando pela propriedade do senhor José Laureano e paramos para saborear a garapa, o engenho estava funcionando e o Anézio e o Luís moendo a cana e insistiram para que eu e meu pai tomássemos a deliciosa garapa.
Em seguida fomos nós passando pelo sítio do senhor José Luciano e o sítio do Seo Eliziário Laureano, e depois o sítio do Seo José Prudêncio. Mas aí chegando na porteira do sítio do meu avô Victório, eu já estava muito cansada e então meu pai pegou-me no colo e colocou-me a cavalo em seu pescoço até a escada da porta da frente e então prestaram atenção à pessoa que o Senhor deu-me como pai. Também chegamos agora à minha avó Cecília que se sentiu feliz ao nos receber.
E logo que chegamos a vó Cecília já providenciou o belo feijão que ela sempre soube cozer enquanto meu pai saudava ao senhor seu pai e aos seus irmãos que se encontravam todos em casa: Joaquim, Jorge e Justino, o Baianinho, que veio a mim saudar-me e viu que nós estávamos saboreando aquele feijão que a avó Cecília cozinhava em uma panela de ferro e era cozido no fogão à lenha, e com certeza era por ser cozido assim que ficava saboroso.
E meu tio Baianinho, como sempre, foi subindo na árvore de mexerica com o seu embornal e desceu com ele cheio e veio nos servir porque ele sabia que a vó gostava de servir os alimentos acompanhados por frutas cítricas como mexerica, tangerina ou laranjas.
E foi gratificante termos vindo visitar minha avó, e o meu pai deu aquele abraço em sua mamãe querida. Glória a Deus!
E fomos nós juntos, a minha avó, eu, meu pai e o Justino, até a mina, para ver o funcionamento do monjolo, que estava a socar o milho para transformar em fubá. O delicioso fubá!
E fomos nos despedir do meu avô Victório e dos meus tios e voltamos para a nossa casa, e meu pai, o senhor Levino, estava feliz, porque além do belo passeio que fizemos atravessando o bairro inteiro dos Cardoso, ainda teve a oportunidade de abraçar o Senhor Victório e sua mamãe Cecília Maria de Jesus.
Ó Glória!
Glória a Deus!
Aleluia!!
Odilia Fernandes Avelino é artista do sorrir, da palavra e do encontro, do coser
e do cozer, das linhas e agulhas e das linhas e canetas, paulista brasileira,
filha de índia e mineiro, também italiana de Cândia, Creta.
fotos Walter Antunes