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das nações e noções, bandeiras e bandeirantes

Atualizado: 27 de out.

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notas breves enquanto se espera o trem para Jundiaí:


1 A São Paulo do ódio está morta? 


2 A terra explorada e seu povo explorado para a fantasia de desenvolvimento a qualquer custo acabou? 


3 Parece que ninguém se encanta mais com essa São Paulo do ódio, ninguém sabe o que é ser esse paulista forjado em campanhas de alienação e alistamento com seu ápice na construção do mito Bandeirante a serviço das oligarquias paulistas em suas disputas com as dos outros estados-províncias.


4 São Paulo quatrocentão nunca existiu, o que existiu foi o falante de paulista, pés descalços, sobrevivendo graças aos povos indígenas, completamente distante e abandonado pela Coroa de Portugal. 


5 Os portugueses quando chegaram para ver no que daria a capitania de São Vicente, encontraram náufragos europeus casados com as tupiniquins, vivendo como os indígenas, o jeito de se viver nesta terra. Portugueses não trouxeram portuguesas, então os paulistas quatrocentões são filhos das mães índias. Bandeirantes são filhos de indígenas que sobrevivem escravizando outros indígenas. 


6 A parte boa de estar por conta própria numa nova terra é não estar nem aí com as leis do Rei de Portugal, talvez esse seja o único grande mérito dos paulistas que rasgaram Tordesilhas.


7 Duzentos anos depois os paulistas são expulsos das suas próprias conquistas pelos portugueses na busca pelo ouro de Minas, um capão, uma traição.


8 Outros duzentos anos depois o ouro do café construiu Campos Elíseos, a indústria construiu a Avenida Paulista. Casarões logo abandonados pela elite que ganhou seu dinheiro e foi morar fora do país, mantendo apenas a exploração de São Paulo e do povo paulista.


9 O ano 2025 é quase cem anos passados do São Paulo contra todo o Brasil em defesa de uma constituição - a artimanha das oligarquias paulistas para reconquistar um bocado do poder perdido em sua ganância por saltar o café-com-leite e querer fazer um café-café. 


10 Mas também, a república nascida no golpe militar de 1889, já estava velha mesmo, apenas esperando alguém que a derrubasse com um novo golpe.


11 As oligarquias paulistas que foram morar em Lisboa, Paris, Londres e depois Miami, abandonaram completamente a narrativa sobre o mito bandeirante. Passaram a coroar os tipos mais insignificantes para governar São Paulo a ponto de importarem o atual governador o Ex-Carioca, um ex-capitão para ocupar o palácio, não o de Campos Elíseos, que ele não sabe nem pronunciar o nome, mas o dos Bandeirantes!


12 São Paulo que propagandeava ser a locomotiva que puxava os vagões (todos os outros estados do Brasil), rumo ao desenvolvimento, tem agora um sujeito que usa bonezinho escrito “faça a América grande novamente” e estende bandeira gigantesca norte-americana na Avenida Paulista.


13 O poder muda através dos tempos: pau-brasil, cana, ouro, café, indústria, financismo, bightechs no esquema europeu de predador do planeta. 


Novos ódios surgem então?


14 As oligarquias (paulistas ou não) que nunca se preocuparam com a construção de um país, que sempre estiveram alinhadas com a expropriação e exploração total do Brasil e do povo brasileiro, não se importam mais em manter aparências antes vendidas como caras: a liderança política (paulista ou não), a noção mínima de soberania nacional, o bem estar dos brasileiros, a grande salvação nacional.


15 A bandeira norte-americana na Avenida Paulista, as bandeiras de Israel carregadas pelos golpistas que regurgitam a palavra anistia, o bonezinho dos Estados Unidos usado pelo Ex-Carioca, governador dos paulistas, todas as falas, todas as ações, escancaram a tentativa de destruição das instituições e do Brasil (chegamos algum dia a ser um estado Nação?) para favorecimento de um enorme negócio que une as oligarquias, milicianos, bightechs e mafiosos de todas as origens e ramos de atuação de dentro e fora do Brasil.


16 Substituiu-se as formas de mobilização anteriores (salvação nacional) pela fácil e superficial manipulação religiosa e também pelas bizarras e abjetas teorias conspiratórias que produzem medo, terror, desesperança, para o domínio total das mentes, corações e corpos, a transformação dos brasileiros em androides de carne e osso, dentro da programada tendência universal na nova fase do processo de colonização de todo o planeta. Sem máscaras, sem constrangimento, com qualquer bandeira ou logomarca: a nova ordem mundial tecnofascista.


Este seria o novo ódio na destruída terra do ódio paulista? 

Ódio por se olhar no espelho? 

Ódio por tudo e por todos?



17 Quando Júlio Ribeiro criou sua bandeira, ele queria que fosse a bandeira do Brasil. Ela não foi. A bandeira criada por Rui Barbosa teve mais sorte e durou quatro dias. Ambas são inspiradas na bandeira de Betsy Ross das treze colônias, de quando os Estados Unidos inspiravam democracia e liberdade e não nazismo. A bandeira de Júlio se tornou algum tempo depois a bandeira paulista.


18 É uma grande sorte que a bandeira brasileira não tenha treze listras, só falta recolocar a palavra Amor, retirada por uma economia de espaço na interpretação positivista ou por mera distração.


19 Alguém se lembra de Martins, Miragaia, Dráusio e Camargo?

Alguém se lembra de agum soldado constitucionalista?


20 Por sorte a São Paulo terra do amor existe, muito maior que a Paulistânia das oligarquias, ela é a terra de todos os brasileiros. Essa terra do amor precisa ocupar os palcos principais, não apenas sobreviver no dia a dia silencioso do povo que fez e faz este lugar existir através da beleza e da miscigenação.


21 São Paulo do Amor é a terra fundada por Bartira, é a terra do italiano Adoniran, do mineiro Tião Carreiro, do Itamar Assunção de Tietê, do paraibano Jackson do Pandeiro, dos Guarani Mbya do Jaraguá, do libanês Raduan Nassar, do batuque de Pirapora, do gaúcho-carioca João Saldanha, do Rio de Piracicaba, do José Bonifácio da Andradita, do bahiano Tom Zé, do João de Camargo de Sarapuí, de Giuseppe Garibaldi, do samba do Geraldo Filme e do Carlão do Peruche, do pequizeiro do Téo Azevedo, do Sócrates paraense de Ribeirão Preto, da cupópia do Cafundó.



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texto: Walter Antunes

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